Publicado em 31/08/2020

      Quem, afinal, é "governo" nessa eleição?


      Vou tentar explicar e entender, junto com vocês, o que aconteceu com o blocão governista.
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      No ano passado – se não me falha a memória – a análise das eleições 2020 era muito simples e muito clara: André Pacheco tinha grandes chances de reeleição ou de eleger um sucessor. Com uma ampla coligação e a caneta na mão, tudo corria certinho neste sentido.

       

      “O perigo é se o governo rachar”, diziam os pessimistas. Uns, talvez por terem informação privilegiada. Outros, como eu, por puro instinto e crença na Lei de Murphy.

       

      Não se enganem: o afastamento de André Pachedo não precipitou a dissolução da mega-coligação governista. Ela ainda parecia viável com Russinho à frente. O MDB já comemorava sua volta ao poder em 2020, à frente de um “frentão” como aquele que liderou em 1992.

       

      Foi com a morte do vice-prefeito que a vaca foi pro brejo.

       

      E ela foi pro brejo rápido: uma guerra civil tomou conta do governo antes mesmo de o corpo do falecido esfriar.

       

      Evandro (DEM) e Nadim (PSL) acabaram assumindo o “trono de São Russo” e inviabilizando suas próprias voltas à Câmara Municipal. Com isso, viram-se obrigados a lançar pré-candidaturas ao Executivo. No MDB, o clima de candidatura própria sobreviveu à partida do Russinho, e converteu-se em incentivo para que Sarico se lançasse.

       

      Restava saber o que o prefeito afastado faria. Ao desistir de tentar a reeleição, André Pacheco jogou Maninho Fauri no páreo. Alguém, afinal, tem que ser o candidato “de situação” mesmo que esta “situação” seja agora, a rigor, oposição.

       

      Com isso, temos quatro candidatos saídos do núcleo do governo. A primeira disputa de cada um deles é, aliás, interna: é a briga para ver quem leva consigo uma fatia maior do bolo de aliados que, há pouquíssimo tempo, estavam “fechados” com André e Russinho.

       

      A mega-coligação, em resumo, deu lugar ao mata-mata.

       

      Então, no fim, quem será o candidato “governista”?

       

      Eu aposto que todos serão. E ninguém será.

       

      Sim. É certo que toda essa gente que citei aqui correrá a assumir a paternidade de tudo de bom que o governo fez. E tentará afastar-se dele quando vierem as críticas. Afinal, 2020 pode ter nos forçado a rever muita coisa e aceitar um “novo normal” mas a política – e infelizmente os políticos – continuam sendo os mesmos.

       

      E digo mais: como estamos diante de uma disputa entre ex-aliados, o "discurso" principal será a lavação de roupa suja. Ela já começou, aliás. Mas isso é assunto para outro texto. Por enquanto, ficamos por aqui.



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      Fábio Burch Salvador

      Jornalista, escritor, colunista do Jornal Sexta desde a primeira edição em 2010. Desenvolvedor do site do Jornal Sexta.

      Autor de diversos livros, cujos links podem ser encontrados em seu site profissional.

      Produz também videos sobre desenvolvimento pessoal, tutoriais de "faça você mesmo" e conhecimentos gerais em seu canal no Youtube.


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